Embora
não se saiba etimologicamente a origem precisa da palavra “vagabundo”, deduz-se
que seja oriunda daquele que vagueia, do nômade, do errante, do andarilho.
Lógico que existem outros sinônimos menos nobres para ela, mas não é o objetivo
deste texto.
Partindo da
sinonímia dos termos acima e nos fixando naqueles que não são depreciativos,
encontramos significados que atribuem ao nômade, ao errante e ao andarilho, a
condição daquele que não tem pouso determinado, não se acomoda, vagueia de
maneira incerta, sem destino, um viajante. É este ser que passa sua existência
procurando algo, sem se preocupar se outros vão critica-lo ou não, abrindo seu
próprio caminho, buscando encontrar algo sem saber bem o quê, mas persistindo
na caminhada da vida, ignorando o passar do tempo, tem em mente apenas uma
coisa, a convicção e a esperança de que um dia encontrará a solução que
procura.
Certamente esse "vagabundo" sofreu
e vem sofrendo todo tipo de preconceito por parte daqueles que algum dia
aprenderão a respeitá-lo, lamentavelmente esse comportamento faz parte da cultura
humana. Sempre que alguém ousa vislumbrar novos horizontes, descortinar a
"verdade" para outras pessoas menos atentas, colocando em xeque
valores instituídos e controversos, a sociedade tende rechaçar esses elementos
desqualificando-os, perseguindo suas ideias até momento em que os mais sensatos
começam a digeri-las, entendo a substância de seu conteúdo, propagando para o
mundo a antes desditosa novidade.
Alguns dizem que
aquele que “vagabunda” tem tempo de sobra porque não tem o que fazer. Outros
dizem de uma forma mais sutil, que ciclano está “filosofando”, em uma alusão
clara a palavra acima. Se considerarmos que o trabalho de filosofar pressupõe
uma atividade intensa do pensar, focado sempre na busca por respostas para
interpretações nem sempre palpáveis da realidade em que se está inserido,
raciocinando sobre o como, para e o porquê das coisas, com o nobre propósito de
emitir um parecer razoavelmente sensato sobre suas investigações, indiferentes às
críticas e opiniões alheias, não há motivos para desdenhá-los.
Retirar-se para
meditar, refletir ouvindo apenas os sussurros da mente não é tão simples quanto
aparenta. Infelizmente, a maioria de nós não o faz, talvez por desconhecimento,
ou porque se justifica, alegando que "nunca" tem tempo para isto ou
aquilo. É muito simples encontrar subterfúgios para fugir da conversa com si
mesmo, já que qualquer um pode adotar um pensamento alheio como se fosse seu,
assumir a opinião da "massa" é mais conveniente, fácil e prático.
Para que reagir e enfrentar os revezes da mudança de postura quando se pode ser
dócil?
Havemos de ter coragem,
pensar por si só, para que ficar incomodado se algum ignorante quiser taxá-lo
de vagabundo ou excomungá-lo, inevitavelmente este é um risco que terá de
correr, porém, no seu íntimo reinará a paz da certeza do que realmente é, e do
bem que propõe a fazer a si e aos outros, pensando, escrevendo, difundindo suas
percepções a respeito de “Tudo”, sem medos ou formalismos. Portanto, meus caros
“vagabundos”, valentes pioneiros, continuem vagando pelo universo dos
pensamentos e das interpretações, brindando aos não vagabundos as ideias e
compreensões que estes atarantados não tiveram de tempo de realizar.
Dedico este texto a um respeitável amigo que se intitulou “vagabundo”.
Grande abraço.
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